"Shadow ouviu a própria risada por cima da música. Estava feliz. Era como se as últimas trinta e seis horas não tivessem existido, como se os últimos três anos não tivessem existido, como se sua vida tivesse evaporado e se transformado nos devaneios de uma criança pequena andando no carrossel do Golden Gate Park de São Francisco na primeira vez que voltou aos Estados Unidos, depois de uma maratona de navio e carro, enquanto sua mãe o observava cheia de orgulho e ele chupava o picolé que derretia, segurando-se com firmeza, torcendo para que a música nunca acabasse, para que o carrossel nunca desacelerasse, para que o passeio nunca terminasse. Estava dando voltas e mais voltas e mais voltas... Então as luzes se apagaram, e Shadow viu os deuses. - pág 133.
Conheci os livros de Neil
Gaiman em Coraline, em Grapic Novel que depois virou animação. Depois conheci Sandman e
os Sete perpétuos: Destino, Destruição, Desejo, Desespero, Delírio, Morte e
Sonho. (Destiny, Destruction, Desire, Despair, Delirium, Death and Dream). Atualmente
conheci os Deuses Americanos e não retiro nenhum ponto da impecável e perfeita
construção de mundos que somente Neil consegue criar. Os detalhes, o
embasamento histórico, as crenças e a grande e forte base histórica que ele
fundamente é de extrema inteligência e prende com facilidade o leitor. Esse
cara (Neil Gaiman) está no numero O1 do meu ranking pessoal de “Criadores de
Mundos”. Ele sabe cria-los, sabe detalha-los. É Incrível!!
Deuses Americanos, conta as histórias de Shadow, um homem fisicamente grande, cabelos pretos e pele bronzeada, que se envolveu em
confusão, foi preso e passou três anos na cadeia e descobriu que a mulher havia
morrido em um acidente de carro dias antes de ele ser solto. Depois de aceitar um emprego duvidoso de um homem duvidoso Shadow, começa a trilhar um caminho
encontra figuras "ilustres" e descobre pouco a pouco que o mundo que
ele vive é cheio de possibilidades, histórias antigas, magia e Deuses. Um dos
personagens foco da história, que para mim toma o lugar do personagem principal
em muitos momentos, chama-se Wednesday, ou Quarta-feira, se quiser traduzir, mas
o autor usa Wednesday e Shadow (sombra) como nomes próprios dessa maneira retirando a
necessidade de tradução. Wednesday é um homem alto, no decorrer da história aparenta ser alto e de quase meia idade segundo as características que o autor vai adicionando, mas sempre mantém a aparência e vigor que não passa em nenhum momento como um homem
cansado e velho, como alguns outros que encontramos na história, alimentando a imaginação do leitor de como realmente é Wednesday. O ponto característico incansável que podemos nos agarrar, além da altura, é o olho de vidro.
O livro é
dividido em capítulos e conta com capítulos
ímpares, são estes especialmente separados com contos de deuses
apresentados na historia e como eles vieram de suas terras natais. Geralmente
os contos aparecem logo no próximo capitulo assim que um novo deus é
introduzido na história. Seres de lendas folclóricas; banshee, leprechaun
também são introduzidos, uns têm mais espaço para se desenvolver
literariamente do que os outros, e Deuses (exemplo): os egípcios e muitos mais. Os
deuses apresentados logo de cara são os chamados deuses novos, são eles;
tecnologia, celular, tv, rodovia... Um fato interessante na leitura, principalmente
sobre a deusa da TV, está em como Gaiman contou e faz uma critica bem direta a
essa necessidade que as pessoas têm de sentar na frente da tv e
"morrerem" hipnotizadas por horas a fio, são novelas e mais novelas,
jornal, series, programas para vendas de produtos (...). As marcas conhecidas que monopolizam o comercio do País e
mundial também são citadas, às vezes dando embasamento a algum argumento critico ou
não, são elas; McDonalds, Burguer King e Walmart. Fica bem claro, se você conhece
um pouco da América do Norte e dos costumes da população de lá, que Gaiman da ênfase
aos costumes e comportamentos que hoje cercam a população e traz a tona uma
amostra do porquê tantos deuses sem significado histórico ou místico aparente
estão tomando conta do mundo.
Há
uma guerra prestes a acontecer na América do Norte, uma guerra entre Deuses novos e Deuses antigos enquanto o protagonista é levado para todos os
lados por Wednesday, em trabalhos misteriosos e cheios de magia e comoção,
encontrando tantas histórias de distintos folclores e crenças e nós leitores,
pela magia incansável da maneira como Gaiman escreveu a história, somos levados
juntos ao mesmo passo que tentamos identificar cada história
paralela que é vivida pelo personagem, cada Deus apresentado, cada citação e
referência. A tempo de observar também a loucura que se tornou a vida do "funcionário de Wednesday"
com tanta informação, tantos Deuses, tantos contos brincando entre os problemas
pessoais do personagem, como a volta da sua mulher morta, aparentemente morta,
mas ainda caminhando por ai como uma espécie de zumbi com consciência e que não
devora ninguém.
O livro vai virar serie e chega agora no dia 31 de Maio pelo canal Freeform e terá estreia aqui no Brasil logo no dia seguinte em O1 de Abril,
assim alguns focos importantes da história já foram apresentados, bem como vários
personagens fixos; a Deusa do Amor, os Novos Deuses, a história de Shadow,
alguns outros Deuses que somente quem leu o livro vai identificar mesmo dado
seus nomes nos Photoshots da série e uma tomada violenta de Spoiler que a foto
do personagem de Wednesday joga bem no meio da nossa cara, novamente, somente
quem leu o livro vai saber.
Deuses Americanos conta a
história de Shadow, mas o mais instigante e emocionante é o delicioso mistério
de descobrir: Quem é Wednesday? É maravilhoso e eufórico quando ele finalmente
se apresenta com o nome verdadeiro!
Nota 10 para o livro, 10
para a história, 20 se pudesse.




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