domingo, 7 de maio de 2017

(Leitura da Semana) Pet Sematary de Stephen King, Ramones & Rock n' Roll. - VEM TORRE NEGRA!


“Um homem tentando encontrar seu caminho através do bosque e passando por ali podia muito bem levar um susto, Louis pensou”. - pág. 43, Pet Sematary - Stephen King



Stephen King, um dos, se não o maior escritor de terror do mundo! Creio que quem curte literatura estrangeira deste gênero (terror), já se deleitou e leu muitas das obras de King. Quem não leu e curte cinema também vai reconhecer o autor por clássicos filmes: It’ A Coisa (1990) Remake (2017), O Iluminado (1977), Carrie (1974), Pet Sematary (1989) e TANTOS outros. A lista de livros e filmes do autor é bem extensa, isso pode até te fazer acreditar que o terror tende a ser repetitivo, mas ai esta a grande façanha e singularidade de King; cada terror, cada história arrepiante é única. Prende o leitor, promete e cumpre sustos de arrepiar, da muito medo (pode crer) e surpreende ao fim com um desenrolar sempre muito inteligente e interessante. Não vá lendo acreditando que no fim tudo se resolve, a história chegou ao fim e foi resolvida e ponto, talvez a ideia de resolução que você espera não seja a que acontece ou seja bonita assim, estamos falando de King e ele é expert em aterrorizar.  Bom, às vezes pode ser bom... Dependendo do que você acredita ser bom.(...)
A leitura desta semana é Pet Sematary, história de terror e suspense que conta a história de Louis Creed, um médico de 37 anos que coleciona miniaturas de carros e gosta de Rock. Louis recebe uma proposta de emprego e muda-se com a família de Chicago para o Maine, para trabalhar como médico na Faculdade do Maine. A família é composta por Rachel a esposa, que tem uma “fobia de morte” (se assim pode se chamar) adquirida depois de ter perdido a irmã para a meningite quando as duas ainda eram pequenas. Ellie é a filha pequena, Gage é o bebê da família e o gato Church. Ao mudarem-se para uma bonita casa próxima a uma rodovia, Louis e a família logo fazem amizade com os moradores do outro lado da estrada, os idosos Jud Crandall e Norma Crandall. Louis e Jud rapidamente constroem uma grande amizade de amigo para amigo e ao fim de Pai para Filho.
Jud apresenta aos Creed um local interessante próximo a casa agora habitada pelos Creed, mas que já pertenceu a família de Jud quando ele era pequeno; O Cemitério de Animais, localizado no alto próximo ao quintal da nova casa. O livro usa a grafia Sematary, o que não é traduzida tantas vezes e algumas vezes aparecem escritas Simitério de Bicho. Sim, a grafia em inglês não esta correta. A primeira curiosidade é: O autor resolveu escrever “Sematary” e não “Cemetery” como seria o correto, porque na história ele faz a alusão de que o cemitério de animais da história teve sua crença e, talvez, misticismo provavelmente criado por crianças e elas escreveram a placa desta maneira. Sim, crianças de aproximadamente 8 anos. A segunda curiosidade é: a idade de 8 anos condiz com situações complicadas/bizarras vividas pelos outros personagens. O livro mostra a primeira cena do cemitério se passando em 1925, quando um garotinho perdeu seu amado cachorro chamado Bowser que faleceu supostamente depois de ter comido veneno para rato. O garotinho era Billy Holloway, e não era uma criança comum, ele era atormentado por muitos pesadelos. O pequeno e seus amigos as crianças Bowie, a irmã Mandy os gêmeos Dean e Dana Hall construíram um pequeno caixão para o animal e resolveram seguir as instruções de uma Enciclopédia Britannica que mostra o cortejo da Rainha Vitória. As crianças então, já reunidas em quase vinte, arrumaram-se com casacos e flores e seguiram em cortejo até o pequeno “sematary” e lá prestaram todas as homenagens para o cão. A história conta que esse ato acabou os pesadelos do pequeno Billy, mas também nos deixa em duvida quanto à data em que o cemitério surgiu, porque ele cita um pouco antes algumas lápides muito antigas e quase apagadas que não condizem com o tempo da história anteriormente narrada. E esta é a parte do livro em que temos o primeiro contato com o misticismo e o significado, mesmo que ainda no inicio e dando espaço para interpretação, com o cemitério de animais.


Stephen King é rei do terror, mestre em construir terror nos mínimos detalhes deixando pistas simples de horror que requer atenção minuciosa, são pequenos assombros, inícios minimamente conturbados e sentimentos que passam rapidamente pelos personagens. Exemplos: A abelha que pica o bebê Gage no inicio do capítulo, o medo da pequena Ellie por seu endiabrado e esquisito gato Church, o contato das crianças com a “situação” morte ao visitar o cemitério de bichos e como todo esse sentimento pesado e obscuro pode conturbar os pequenos e os pais, isso tudo funcionando como "presságios" do grande castelo de horror que a história se transforma. À medida que a história desenvolve somos apresentados a outros momentos de terror mais concisos e se você é fã de terror pode até achar alguns trechos clichê, mas vai deixar isso de lado quando perceber que esta história foi lançada em 1983, quando o terror estava sendo bem explorado principalmente por King.
"Eu vou gritar, depois fico maluco e não tenho mais de me preocupar com isso..." pág 94, Pet Sematary - Stephen King

O doutor Creed tem seu primeiro paciente, Victor Pascow, um estudante da universidade vitimado por algum acidente que abriu seu crânio e o levou a óbito na sala do médico, Pascow antes de morrer fala sobre o Cemitério de Animais com o doutor. - Essa é a chave de entrada para os grandes acontecimentos. -  Para todos os acontecimentos seguidos, King abraça a praticidade de simplesmente matar, ferir, sumir com qualquer um dos personagens, não existem rodeios, nem cenas tocantes de amor e prosa com nenhum personagem, o fim é o fim e pronto você já foi levado para um grande momento e vai observar agora como os personagens lidam com os resultados enquanto enlouquecem gradativamente. Cada página tornando-se mais assustadora e cruel enquanto vemos Louis, um homem sensato e que deliberadamente ignora os significados e lamurias que trazem as questões de morte, quase enlouquecer, na verdade, de fato enlouquecer enquanto suas convicções são derrubadas e seus atos desesperados trazem a tona o problema que é usar o cemitério para outro cunho se não despedir-se dos seus bichinhos. Nosso personagem principal vai aprender, folha a folha, o significado da magia que é os mistérios do mundo do terror enquanto sua família chega à beira da ruína e despensa do precipício. 


meu Umbreon fazendo cosplay de Chruch
O livro é dividido em três capítulos e rende 423 páginas e o desfecho final da história é lido no epílogo. Os três capítulos trazem trechos do evangelho de João, dois trazendo interpretação e um citando e grifando o evangelho de João da Bíblia. O que é bastante interessante de ler, não porque King trás um cunho religioso, sim porque ele se baseia em uma das histórias de ressurreição conhecida por quase todo o mundo e que está cravada dentro da religião; Falo de Lázaro, morto há três dias e Jesus o ressuscitou. E falando-se de Religião... é um fator de curiosidade, debate, crença, não-crença e afins de muita gente e essa entretida conjuntura e empreitada entre religião e terror onde King brinca de fazer analogia entre elas sutilmente, não tanto, da um Q a mais na história.(lá vem debate, só que não.)
 



Os personagens de King seguem padrões de característica que ele gosta muito: jaqueta de couro, carros antigos, motos custom, amantes de Rock n’ Roll e pouca descrição física dos personagens em si, nos dando espaço para interpretar como seria de fato cada um. O que chama atenção neste livro em questão de Rock são as citações que aparecem da música: Hey! Oh! Let’s go! da banda Ramones. A letra da música não aparece como uma simples citação de música, mas para grifar os inicio das situações conturbadas e atitudes enérgicas de Creed. É bom escutar a música e prestar atenção na letra, ela combina muito bem com os momentos em que são citadas, principalmente nas bofetadas, socos e pontapés que Creed distribui! Outra música do Ramones que casou em perfeito com a história, agora de fato sendo feita para a história, é a que leva o mesmo título: Pet Sematary do Ramones, claro. Terceira curiosidade: Em 1989 o Ramones lançou Pet Sematary, um agrado feito especialmente para King. Quarta curiosidade: Stephen King é fã de Ramones.
Como eu disse antes o livro tem filme de mesmo nome lançado em 1989, tem muito horror, terror, Rock, Ramones e efeitos especiais. Como estamos perto de ser abençoados com o lançamento do filme: A Torre Negra, achei interessante relembrar outra obra que acho incrível de King. E ai está à resenha/indicação da semana: Pet Sematary (O Cemitério, no Brasil) de Stephen King.


Por: Juliana Oliveira, 














SPOILER NO FIM:

Um dos personagens mais anjinhos tocam o verdadeiro terror vindo bem das profundezas do cemitério. Vale a lida e vale assistir.

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